Questões derivadas de situações

“Questões derivadas de situações!” Ep. 3 – Meteorologia

Olhando para as minhas fotografias, é fácil perceber que tipo de condições atmosféricas prefiro: céu com nuvens!

Sou contra o céu limpo? Nada disso! Mas preferencialmente, gosto mais de ver um céu com nuvens do que “sem nada”. Parece-me monótono…
O problema é que não consigo controlar o estado do tempo, e assim sendo, tenho que trabalhar com o que o S. Pedro me dá.

Morando eu no Porto, posso dar-me ao “luxo” de esperar por “melhores dias” para fotografar a cidade. Mas em viagem, quando só vou estar 1 ou 2 dias num determinado sítio, não me posso armar em esquisito. Ok, posso.

Mas não deixo de fotografar por isso! 😛

Panorâmica do Porto, da Ponte Luis I até à Ponte da Arrábida

Para conseguir esta fotografia, andei quase dois anos a deslocar-me à Serra do Pilar na esperança de encontrar as condições ideais que permitissem tal.
Não, não ia todos os dias (tenho vida!). Mas praticamente todas as semanas, dependendo das previsões meteorológicas, lá estava eu à espera, para 30 minutos depois abandonar o local de mãos a abanar. Ora porque de um momento para o outro ficou céu limpo, ou porque ficou completamente encoberto, ou ainda porque começou a chover…

O que me leva a outro tema: Nem sempre temos que sair do local com uma fotografia!
Eu percebo que isto dá trabalho, e como tal, tentamos sempre “safar” uma foto. A verdade é que no meio de muitas fotos más, é fácil uma delas destacar-se. Mesmo que seja igualmente má. Mas como temos uma tendência enorme para a comparação, achamos que “aquela”, sendo a melhor de todas daquele conjunto, é boa suficiente para ver a “luz do dia”.

Vou contar-vos um segredo:

Não é boa!

É medianazinha na melhor das hipóteses.

Eu também percebo que devido ao funcionamento das redes sociais, temos vantagens em publicar diariamente, ou pelo menos com bastante regularidade para chegarmos a mais gente. Mas se isso significa publicar fotografias com as quais não me identifico, prefiro não publicar nada.
A ideia é publicar o que de melhor faço, e não fotografias para “encher”.

Oh Gi mas que arrogante. Até parece que tens aqui as melhores fotografias do mundo e arredores!

Perguntam vocês

Não. Não tenho! E eu tenho consciência disso! Mas dentro daquilo que faço, estas são as que considero as melhores. Ou dizendo isto de maneira diferente e politicamente correcto: são aquelas que, depois de executadas, correspondem exactamente (ou ainda melhor!) ao planeado.

Mas voltando à meteorologia…

Estando eu tão dependente do estado do tempo, os sites e aplicações móveis com previsões meteorológicas são um excelente auxílio!

Por norma, uso o MeteoPT, ClearOutside e o IPMA. A juntar a isto, costumo procurar por “live webcams” próximas dos locais onde vou fotografar.
O MeteoPT e o ClearOutside tem a vantagem de prever a percentagem de nuvens no céu. É um bocado mais complicado de se ler, mas não é nada de transcendente.

Normalmente entre 50 a 80% de nuvens é aquilo que procuro. Sendo que 0% é céu completamente limpo e 100% é céu completamente encoberto. As previsões são dadas por períodos de 3h (no MeteoPT), ou seja, uma previsão de 50% de nuvens pode significar céu limpo durante 2 horas, e 80 a 100% de nuvens na restante hora. Portanto, ter uma previsão de 50% de nuvens pode não significar que metade do céu estará limpo e a outra metade com nuvens.

Dou preferência a nuvens altas, pois são essas que costumam ficar com os tons avermelhados, típicos do nascer / pôr do sol.

O IPMA consulto sempre, mais não seja por ser uma espécie de previsão “oficial” para Portugal.

Há imensos sites com previsões. Eu fui filtrando até chegar a estes. Não sei se são os melhores, mas até ver têm cumprido o propósito.

Se calho de estar no Porto, e as previsões são de céu limpo ou encoberto sem ponta de aberturas, já nem me incomodo em sair de casa. A menos que o objectivo seja incluir um céu limpo/encoberto na fotografia!

Então e se estiver em viagem e apanhar céu limpo?

Nestes casos opto por fotografar para o lado contrário do nascer/pôr do sol. E porquê? Porque do lado contrário acontece um fenómeno chamado de “Cinto de Vénus”, provocado pela sombra da Terra na atmosfera, e um tom rosa logo acima. Isto torna um céu liso/monótono, num céu com cor e vida. A juntar a isto, escolho deixar o horizonte no terço superior da fotografia.

Cântaro Magro, Serra da Estrela, ao pôr do sol com “Cinto de Vénus visível

Por norma, quando fotografo cidades, até nem me importo muito se está céu limpo. As luzes da cidade ao anoitecer acabam por tornar a fotografia mais viva. Já em termos de paisagem natural, fotografar com céu limpo mete-me alguma confusão. Gostos…

Mais do que procurarem o que é melhor, acho que devem ir fotografar com todas as condições meteorológicas e decidirem por vocês o que mais gostam / preferem. Experimentem tudo: fotografar virado para o sol, de costas para o sol, com céu limpo, com nuvens… A própria posição do sol, mesmo abaixo do horizonte, influencia muito a luz ambiente. Ou seja, a hora a que fotografam também influencia muito o resultado final.

Preferem a luz do meio dia? Ou aquela luz mais dourada do nascer / pôr do sol? Talvez a “blue hour” se ajuste melhor à paisagem?

Não há nenhuma regra que obrigue a fotografar duma maneira ou de outra. Apenas o gosto pessoal e o objectivo da fotografia. Mas uma coisa é certa: estou à mercê das condições meteorológicas.

Então e se o objectivo for fazer astrofotografia?

Isso já dá para outro episódio!

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