HDR significa “High Dynamic Range”
HDR não significa “Imagem altamente saturada, carregada de textura, desprovida de contraste, sem sombras ou luz e com grandes halos à volta do que foi fotografado”.
Agora que tiramos isso da frente, vamos lá começar isto.
HDR, ou “High Dynamic Range” é um termo usado para classificar uma fotografia (e nos tempos que correm também vídeo) com uma alta gama dinâmica.
E o que é isso de alta gama dinâmica? É conseguir incluir, numa só fotografia, informação na zona das sombras (escuras) e na zona de luz intensa.
Trocando por miúdos, quando estamos a fotografar contra o sol, vai acontecer uma de duas coisas: ou a fotografia fica demasiado escura (para captar a informação relativa à luz do sol), ou demasiado clara (para captar informação relativa a tudo o resto que normalmente está em contraluz).
E se eu quiser captar informação nessas duas áreas? Se ao menos houvesse uma maneira de conseguir isso tudo numa só foto…
Na verdade não há só uma maneira. Existem inúmeras maneiras! E curiosamente, nem todas envolvem Photoshop! Comecemos por aí.
Como resolver isto sem Photoshop?
1 – Recorrendo a filtros graduados.
Com estes filtros, vamos conseguir escurecer o céu (que por norma é mais claro que o chão) permitindo equilibrar a exposição em toda a fotografia: tanto o céu como o chão ficam expostos correctamente.
Pros:
- Conseguem o resultado numa só exposição
- Reduz grandemente o tempo gasto na edição
- Vão existir ocasiões em que a fotografia só pode ser feita numa só exposição e aí vão precisar do filtro (até ao momento sempre me safei sem um, mas confesso que já senti falta)
Cons:
- Caso existam coisas a cruzar o horizonte (prédios, montanhas, etc…) vai ficar tudo escurecido por igual
- Se colocarem mal o filtro (se não ficar nivelado ou se não ficar na posição correcta), e não derem por ela no terreno pode já não haver nada a fazer
- Menor controlo no resultado final da fotografia
Posto isto, e como ainda não senti verdadeira necessidade, não uso filtros destes. Mas não significa que não sejam úteis. Nestas coisas o que importa é o resultado final da fotografia, e quanto mais ferramentas dominarmos, melhor poderá ser esse resultado. Um dia dedico-me a eles!
2 – Outra hipótese é fazer uma única exposição de forma a preservar os detalhes nas zonas mais luminosas da fotografia, deixando o que está em contraluz mais escuro.
Depois, na edição, tentar “puxar” as sombras e “baixar” a exposição nas zonas mais claras de forma a ir buscar toda a informação ao Raw. Com os sensores mais recentes é possível recuperar bastante informação quer nas sombras quer na zonas de grande luz.
Acaba-se por conseguir ganhar bastante gama dinâmica com isto, mas…
Pros:
- Uma única exposição para editar
- Não há gastos (€) em filtros
Cons:
- Aquilo que se consegue recuperar nas sombras tem um limite a partir do qual vamos introduzir ruído na fotografia. Por muito bom que o sensor seja, tudo tem um limite
- Uma exposição mal medida e lá se foi a fotografia
- Se a diferença entre sombra e luz for muito grande, acabamos por estar limitados ao que o sensor for capaz de nos dar e podemos acabar por ter de chegar a um compromisso entre boa exposição/ruído/detalhe que se notará mais quanto maior for a fotografia (se for para o instagram provavelmente nem se nota)
Em relação ao tempo gasto, fiquei indeciso se seria Pros ou Cons. Passo a explicar: efectivamente é só uma exposição para editar, o que só por aí pode levar-nos a pensar que será algo rápido. No entanto, às vezes é preciso muita ginástica para fazer tudo funcionar apenas com uma exposição: fazer omeletes sem ovos.
Durante muito tempo foi a minha única forma de fotografar. Não significa que tenha deixado de fotografar assim, mas agora tenho mais umas quantas formas de chegar a um determinado resultado. E como é bom ter escolha!
3 – Outra forma, talvez a que mais gosto, passa por fazer 3, 5 ou 7 exposições seguidas (bracketing) com diferenças de 1 ou 2 stops de luz.
O objectivo é captar nessas exposições toda a informação que preciso para chegar ao resultado final: desde as zonas mais claras até às mais escuras, tento trazer para casa toda a informação possível. Isto não significa que as vá usar todas. Pode acontecer que até acabe por usar apenas uma, mas o que eu não quero mesmo é chegar a casa e pensar “devia ter outras exposições”. Os “rolos” estão baratos e o obturador das máquinas aguentam bem o trabalho. Prefiro apagar o que não preciso do que ficar a chuchar no dedo por faltar algo.
Então e como é que combino essas exposições todas numa só fotografia?
Uma de três formas:
- Automática: por exemplo, seleccionando todas as exposições e fazendo Merge to HDR no Lightroom. Existem milhentos outros softwares que fazem o mesmo. Usem o que mais gostarem (o DXO Nik tem um plugin interessante também)
- Manual: escolhendo manualmente todas as partes de todas as exposições que vão integrar a fotografia final. E meus amigos… Isto aqui é um mundo à parte. 1 ou 2h de volta de uma fotografia pode ser considerado “super rápido!”. É uma forma muito complexa de editar a fotografia. É claro que posso demorar 30 segundos se for só escolher um céu e um chão bem expostos e juntar os dois. Mas normalmente quando tenho que usar este método é porque a coisa é bem mais complexa do que juntar um céu e um chão. *
Normalmente as mais complexas (tendo em conta as fotografias que faço!) são as de cidade em que tenho que lidar com luz natural e luz artificial. Não é nada de estranhar acabar por usar 10 exposições para a fotografia final. - Mix das duas: posso começar com uma base criada no Lightroom através do Merge to HDR e depois continuar a editar manualmente, por exemplo.
* Juntar um céu e um chão não é substituir o céu original por outro! É pegar numa exposição com o céu correctamente exposto e numa exposição com o chão correctamente exposto e combinar os dois numa só fotografia! **
** Se bem que usando esta técnica também o dá para fazer! ***
*** Cabe a cada traçar a sua linha e decidir se a passa ou não. ****
**** Dava para outro artigo… *****
***** É pá já chega de asteriscos!
Estas são as formas que conheço e uso (com excepção do filtro graduado!). Acredito que existam outras. Caso conheçam, por favor comentem aí em baixo! Gostava de conhecer também.
Então porque raio é que o termo HDR ganhou tão má fama?
Porque, como em tudo, há exageros. O facto de eu conseguir meter uma zona de sombra (escura) como se estivesse iluminada por holofotes de estádios de futebol não significa que o tenha que fazer. Então começaram a aparecer fotografias de “gosto duvidoso”. O céu passou a ser mais escuro do que o chão, que por sua vez irradiava luz como se o sol se tivesse mudado para cá. A malta tentava comprimir de tal forma o histograma que às tantas já nem sabiam o que era suposto ser sombra (e como tal mais escuro) e o que era suposto ser mais claro. A cereja no topo do bolo eram os halos (manchas brancas) à volta de tudo na fotografia.
Eu até sou dos que acredita que gostos não se discutem, mas neste caso… O certo é que é um estilo com fãs!
Antes que me comecem a apedrejar, nem todas as fotografias têm de ter uma grande gama dinâmica! Longe disso! O objectivo que traçaram é que vai ditar o resultado final. Se eu quero uma fotografia em contraluz de forma a ficar com a silhueta duma pessoa, carro, animal ou o que for, então não faz sentido isto tudo que leram atrás. Podem pesquisar por “low key” e “high key”, termos completamente opostos entre si e ao HDR.
O que vos trago aqui é mais uma ferramenta. Com ela podem chegar a outros resultados, que não são necessariamente melhores ou piores: apenas diferentes. É bom termos escolha, podermos decidir e não estarmos limitados. É preciso aprender a usar diferentes ferramentas. E isso leva tempo, muito tempo! Como tal, vou continuar essa caminhada. Ainda há muito que quero aprender!
Eu uso o Photomatix Pro 6 que resolve todos os problemas de HDR com opções de “deghost” muito eficazes. Depois edito em Lightroom Classic CC.
A foto do edifício está muito boa e se houvesse pessoas no local, em movimento, seriam resolvidas com este software que, decerto, o meu amigo conhece.
Muito obrigado pelo comentário!
Deixei de usar o Photomatix na versão 4, acho. Foi o programa que me iniciou nestas andanças de HDR. Na altura também pouco mais havia tão bom quanto o Photomatix.
Talvez volte a experimentá-lo!